Em busca dos cães perdidos após a explosão de Beirute

Apesar do terror vivido, do caos, das vidas humanas e animais perdidas, Leia continuou procurando por seus animais de estimação após a terrível explosão em Beirute.
Em busca dos cães perdidos após a explosão de Beirute
Ana Díaz Maqueda

Escrito e verificado por a bióloga Ana Díaz Maqueda.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

As explosões consecutivas e devastadoras em Beirute no início de agosto deixaram cerca de 300 000 pessoas desabrigadas em um piscar de olhos. Muitas famílias perderam seus entes queridos, mas essa catástrofe afetou não apenas as pessoas, pois afetou também seus animais de estimação. Hoje vamos conhecer a incrível história de Leia e seus cães perdidos na explosão de Beirute.

Após o desastre e os primeiros minutos de confusão, todos os vizinhos tentaram ajudar uns aos outros. Em meio a um caos de vidros quebrados, sangue, fumaça e desespero, a comunidade se reuniu para se refugiar do que a princípio pensaram que poderia ser outra guerra como em 2006.

Em nenhum momento alguém pensou em abandonar seus animais de estimação, mas como os humanos, eles também estavam com medo e desorientados. Descubra com a gente essa história de esforço e superação, que mostra que o amor de um tutor pelo seu cão não conhece barreiras.

Momentos após a explosão e os primeiros pensamentos de Leia

Ninguém imaginava o que era armazenado no porto de Beirute. Segundo o governo libanês, a causa das explosões foram 2750 toneladas de nitrito de amônio. Esse composto é usado muitas vezes como fertilizante, mas também para criar bombas.

O arsenal foi apreendido de um navio russo em 2014 e armazenado no porto de Beirute. Embora funcionários da alfândega tenham tentado retirar o nitrato de lá e doá-lo ao exército libanês, eles nunca conseguiram a permissão necessária. Infelizmente, alguns trabalhos de soldagem no armazém adjacente iniciaram um incêndio que culminou na terrível explosão.

O resultado foi 135 vítimas mortas no local, 5000 desaparecidas e 300 000 pessoas desabrigadas. Nesse último grupo está incluída a história de Leia e seus cães perdidos na explosão de Beirute.

De acordo com Leia, uma luz branca a lançou a um canto do seu quarto, enquanto tudo o que ela conseguia ver eram vidros quebrados e lascas de madeira. Seu primeiro pensamento quando voltou a si, apesar do zumbido nos ouvidos, foi sua família.

Não na sua família biológica que estava segura e longe de Beirute, mas na sua família adotiva. A primeira coisa em que Leia pensou foi nos seus amigos peludos que ela adotou ao longo dos anos.

Alguém chegou até o que antes era a porta de sua casa e lhe disse que seus cães estavam bem. Assim, ela pegou sua colega de quarto Lizzie e as duas foram em direção à saída através de um mar de perigosos destroços pontiagudos.

Momentos após a explosão e os primeiros pensamentos de Leia

Onde estão os cães perdidos na explosão de Beirute?

Com medo de outra explosão e da memória vívida da guerra do Líbano em 2006, Leia e seus vizinhos se refugiaram sob uma escada. Para sua surpresa, lá estava Fred, o cachorro mais velho. Mas o cachorrinho Bunduq, que viera para Leia quando sua família o abandonou por medo da COVID-19, não estava lá.

Durante os dias seguintes, Fred não se separou da sua tutora. Ele defendeu as ruínas do que havia sido sua casa enquanto esperavam com esperança que Bunduq encontrasse o caminho de volta.

Para Leia, seus cães adotivos são o sentido de estabilidade em sua vida. Eles fazem parte da sua casa, são sua família escolhida. Como ela diz: “Eu não escolhi meu animal de estimação, ele quem me escolheu”.

Movimento social para encontrar os cães perdidos

Como Fred e Bunduq, muitos cães se perderam após as explosões de Beirute. Em um grupo de WhatsApp, chamado “mamãe cachorro” do qual Leia participava, e por meio de redes sociais, todos os cachorros foram encontrados aos poucos.

Infelizmente, Leia não podia sair em busca de Bunduq, pois seus pés tinham sido machucados pelos cortes e ela teve que ficar no hospital por vários dias. No entanto, ela não parou de publicar notícias sobre o desaparecimento do seu cão e rezou para que ele soubesse como encontrar o caminho de casa.

Enquanto isso, seus amigos não pararam de andar pelas ruas em busca de Bunduq, pendurando cartazes e perguntando aos vizinhos. Além disso, uma instituição de caridade local que ajuda animais de rua também tentou ajudar. Infelizmente, não havia sinal dele.

Por fim, um sinal sobre Bunduq

Os dias se passaram e Leia começou a perder as esperanças. Seu cachorro desaparecido podia ter sido atropelado por um carro ou ter sofrido ferimentos terríveis na explosão, que o impediram de voltar para casa.

Contudo, um dia, enquanto Leia estava escrevendo em um blog sobre cães farejadores que procuravam pessoas nos escombros, a tela do seu celular se iluminou e mostrou uma mensagem: “Você perdeu um cachorro? Eu acho que estou com ele.”

A pessoa que entrou em contato tinha encontrado Bunduq em Beirute após a explosão e o levara para Trípoli, a mais de 50 quilômetros de distância. Seu salvador tinha perdido tudo nas explosões e teve que se mudar. Apesar disso, ele não queria deixar um pobre cachorrinho assustado e abandonado, então não pensou duas vezes e o colocou em seu carro.

Outro problema: como chegar lá?

Leia não tinha carro para se locomover e também teve que passar por várias cirurgias para curar todos os tendões cortados dos seus pés. Para sua surpresa, uma associação chamada “Os amantes dos animais do Líbano” desenvolveu um plano para trazer Bunduq de volta. Foi assim que, às duas da madrugada do mesmo dia, o cachorrinho voltou para o colo de Leia.

Histórias como essa, na qual uma rede de pessoas trabalha em conjunto por outras, ajudando a trazer de volta para os braços da sua família um animalzinho que tinha se perdido, restaura a esperança na espécie humana.

Esperança para animal e famílias

Em qualquer caso, não podemos esquecer que Beirute ainda está destruída. Muitas pessoas se mudaram para as montanhas ou outras cidades para recomeçar. A rede de saúde ainda não está 100% depois do fim da guerra e, apesar de tudo, os moradores continuam se ajudando.


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