O complexo respiratório suíno

Das muitas doenças combatidas pelos veterinários na criação de suínos, as doenças multifatoriais são as mais difíceis de diagnosticar. E, entre elas, destaca-se esse complexo.
O complexo respiratório suíno
Érica Terrón González

Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A criação de suínos é um dos mais importantes setores da pecuária, tanto em termos de produção quanto de vendas. É por isso que o estudo das doenças que afetam essas criações é tão importante. Entre elas, destaca-se o complexo respiratório suíno.

Informações gerais sobre o Complexo Respiratório Suíno

Desde o século XX, muitas das doenças infecciosas não são mais entendidas como sendo produzidas por um único microrganismo, sendo então referidas como complexos multifatoriais. Dentre os suínos, uma das doenças polimicrobianas mais relevantes é o complexo respiratório suíno – CRS, de agora em diante –, no qual estão incluídos:

  • O vírus SRRS – Síndrome Reprodutiva e Respiratória Suína.
  • A doença de Aujeszky.
  • O vírus da Influenza.
  • O Coronavírus Respiratório Suíno.
  • O Circovírus.
  • Mycoplasma spp.
  • Bordetella spp.Pasteurella spp.     
  • Haemophilus spp.Streptococcus spp., Escherichia coli 

Existem vários mecanismos patogênicos que favorecem esse tipo de doenças, tais como:

  • As sinergias entre os diferentes agentes.
  • O bloqueio do sistema imunológico.
  • Alterações da mucosa respiratória.
  • Alterações metabólicas, fisiológicas e físicas.
  • A liberação de componentes inflamatórios que aumentam a gravidade da doença.

Descrição do complexo respiratório suíno

Essa doença constitui um dos quadros clínicos mais complexos e com maior impacto negativo na criação de suínos.

O complexo respiratório suíno

É uma patologia muito frequente nas fazendas de criação intensiva de suínos, embora também ocorra, em menor grau, em fazendas de criação extensiva. Causa perdas econômicas consideráveis, decorrentes do atraso na engorda dos animais e das múltiplas necessidades de sacrifício.

Patógenos primários

Dentro do CRS há patógenos primários, capazes de alterar os mecanismos de defesa e de se estabelecer no hospedeiro suíno por si só. Se forem os únicos patógenos envolvidos na doença, ela geralmente desaparece em pouco tempo.

O problema está nas complicações desenvolvidas por causa da presença de patógenos secundários ou oportunistas. Isso gera perdas econômicas muito maiores.

Patógenos oportunistas

O restante dos patógenos é considerado “oportunista”, visto que eles aproveitam os fatores de virulência dos anteriores para também desencadear uma doença.

Assim, dependendo das interações e da complexidade do processo, alguns microrganismos podem se comportar tanto como agentes “primários” quanto como “oportunistas”. Mas outros estão inequivocamente ligados a uma das duas categorias.

O complexo respiratório suíno

A evolução do complexo respiratório suíno

Durante os últimos 30 anos, houve mudanças substanciais na produção de suínosPassou-se da produção extensiva à proliferação de fazendas de criação intensiva com alta densidade de animais. E isso favorece a disseminação de doenças respiratórias.

Fatores que favorecem o aparecimento da doença

Primeiramente, a superlotação, juntamente com a falta de ventilação, tornam-se poderosas aliadas do estresse. A isso se soma, em segundo lugar, os altos níveis de poeira e de amoníaco, que geram um impacto negativo sobre o aparelho respiratório dos porcos.

E, em terceiro lugar, há outros fatores negativos, tais como o fluxo constante de animais, com a chegada e a saída de indivíduos constantemente, agravando assim a propagação de doenças. Além disso, a maioria dos patógenos respiratórios tem uma distribuição cosmopolita, e torna-se quase impossível encontrar um lote de animais completamente livre deles.

Momentos críticos para o complexo respiratório suíno

Mesmo quando as condições sanitárias são maximizadas, há momentos críticos para o surgimento do complexo. Por exemplo, quando a imunidade materna diminui – após o desmame –, momento no qual os leitões ficam mais susceptíveis ao contágio.

Por sua vez, as doenças podem entrar na criação através de vetores, novos animais, animais selvagens e até mesmo através dos próprios funcionários da fazenda.

O complexo respiratório suíno

Conclusão

Para concluir, a etiologia multifatorial do CRS pode variar, não apenas entre países, mas também entre diferentes sistemas de produção. E, dentro da mesma fazenda, pode variar ao longo do tempo. Portanto, o seu estudo é altamente complexo, embora necessário.


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