Cooperação e eussocialidade: a união faz a força

O trabalho em equipe aumenta as chances de sobrevivência na natureza. Existem vários tipos de cooperação, desde o mutualismo até a eussocialidade e a formação de superorganismos.
Cooperação e eussocialidade: a união faz a força
Samuel Sanchez

Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

A cooperação pode representar a diferença entre a vida e a morte. Os animais trabalham juntos para maximizar sua sobrevivência ao longo do tempo e, assim, poder dar origem a descendentes. Todos conhecem o caso do peixe-palhaço e da anêmona, que se protegem mutuamente contra predadores e parasitas.

Também existem outros comportamentos não tão conhecidos, mas igualmente essenciais. Por exemplo, muitos mamíferos criam os filhotes em conjunto. Nesses casos, animais da mesma espécie cuidam dos filhotes, mesmo que não sejam seus.

Então, os suricatos nos vêm à mente: nesses grupos, existe uma fêmea reprodutora dominante em cada grupo e auxiliares subordinados. Estudos mostraram que o número de ajudantes por fêmea dominante está relacionado ao número de filhotes que sobrevivem.

Vimos exemplos de cooperação que já são conhecidos, mas o que acontece quando a sociabilidade define a própria existência do animal? Vamos falar sobre isso a seguir.

A eussocialidade

Eussocialidade é um termo que se refere ao mais alto nível de organização social que ocorre em certos animais. Caracteriza-se por:

  • Cuidado cooperativo dos filhotes.
  • Sobreposição de gerações.
  • Existência de castas estéreis e comportamentos altruístas.

Quando as castas evoluem para serem subordinadas a um indivíduo dominante de forma irreversível, falamos de eussocialidade obrigatória. A eussocialidade ocorre principalmente nos insetos: os himenópteros são os reis do trabalho em equipe.

A hierarquia das abelhas

Cooperação e eussocialidade

As abelhas são o exemplo claro de que a união faz a força. A colmeia abriga três tipos de castas: rainha, operárias e zangões. A rainha é a única capaz de ser fecundada pelos zangões. Os óvulos fecundados darão origem a outras operárias, e os óvulos não fecundados a zangões.

A diferenciação de uma fêmea em rainha ou operária depende do tipo de alimento que ela recebe enquanto é uma larva. A rainha é o centro nervoso da colmeia: pode viver de 2 a 4 anos e colocar até 1500 ovos por dia! A tarefa das outras castas é protegê-la e mantê-la nutrida a todo custo.

Existem diferenças na magnitude das colônias e castas, dependendo da espécie. Por exemplo, as mamangabas (gênero Bombus) formam colônias de uma rainha e até 500 operárias, enquanto as vespas (gênero Vespula) podem ter milhares de rainhas e milhões de operárias em uma colônia.

Pode parecer que essas hierarquias são o ápice da cooperação, mas ainda temos mais.

Os superorganismos

Cooperação e eussocialidade

O termo “superorganismos” se refere a colônias que agem como um único ser vivo e têm a sua própria fisiologia. A rainha é o cérebro enquanto as estruturas construídas e operárias são o corpo. Como unidade, há uma temperatura controlada comum, um fluxo contínuo de nutrientes e uma capacidade de comunicação análoga a um sistema nervoso.

Um exemplo disso são as diversas espécies de cupins, que criam estruturas mastodônticas em comparação com o seu tamanho. Cada membro de um superorganismo pode ser comparado a cada célula e bactéria do nosso corpo : ambos são parte de algo muito maior. 

Eussocialidade em mamíferos

Nem tudo se trata de insetos, já que também temos exemplos de cooperação extrema entre mamíferos. O exemplo ideal é o rato-toupeira-pelado, Heterocephalus glaber.

Esse curioso animal forma colônias com cerca de 80 indivíduos. Cada colônia consiste em um complexo sistema de tocas conectadas por túneis de diferentes profundidades.

Nessas colônias, existe apenas uma fêmea reprodutora, que copula com os mesmos 2 ou 3 machos até 5 vezes por ano. Os indivíduos não reprodutores (operários e operárias) se dedicam a procurar alimentos e defender a colônia.

Um por todos e todos por um

Conforme vimos ao longo deste artigo, a união de muitos seres pequenos pode levar a coisas incríveis. Desde hierarquias complexas, até estruturas que atuam como um único ser vivo.

A cooperação e a eussocialidade têm um único objetivo: prolongar a vida das espécies. Mas não é necessário ir ao campo para ver exemplos desse comportamento: basta dar um passeio pelo bairro para descobrir que não somos tão diferentes assim das colônias de animais.


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  • https://es.wikipedia.org/wiki/Eusocialidad
  • Clutton-Brock, T. H., Brotherton, P. N. M., O’Riain, M. J., Griffin, A. S., Gaynor, D., Sharpe, L., … & McIlrath, G. M. (2000). Individual contributions to babysitting in a cooperative mongoose, Suricata suricatta. Proceedings of the Royal Society of London. Series B: Biological Sciences267(1440), 301-305.
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  • www.oei.es/historico/divulgacioncientifica/noticias_435.htm
  • Sleator, R. D. (2010). The human superorganism–of microbes and men.

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