Genética e populações animais

A genética das populações animais permite estimar o estado de conservação das espécies em seu ambiente natural.
Genética e populações animais
Samuel Sanchez

Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

A genética geralmente é um ramo da biologia que gera perplexidade e confusão. DNA, hereditariedade, deriva genética, estocasticidade… o apaixonante mundo dos genes está cheio de termos que assustam até mesmo os mais curiosos. Por isso, queremos aproveitar para falar um pouco sobre a relação da genética com as populações animais de uma forma simples e didática.

Na minha opinião, esse assunto é especialmente emocionante e vou me basear em apresentar as informações a partir de estudos populacionais com anfíbios na Comunidade de Madrid. Além de ser editor, também tive a oportunidade de fazer parte de uma equipe do Museu Nacional de Ciências Naturais da Espanha durante dois anos e, a seguir, vou mostrar um pouco dos meus conhecimentos adquiridos naquela época maravilhosa.

Princípios básicos

A genética é a área de estudo da biologia que busca entender e explicar como a herança biológica é transmitida de geração em geração.

Os genes são unidades de armazenamento de informações: segmentos de DNA que contêm as instruções de como as células do organismo devem operar. Para simplificar, é possível dizer que todos nós temos duas cópias de cada um dos genes que compõem a informação humana, um herdado do pai e o outro da mãe.

Genética e populações animais

Como esses termos são aplicados às populações?

O ponto fundamental da genética populacional se baseia na compreensão dos padrões de hereditariedade de pais para filhos. Vejamos o exemplo acima mencionado com anfíbios:

  • Em uma lagoa qualquer, estima-se que existam 300 rãs da mesma espécie, formando uma população. Dessas, 100 são fêmeas e 200 são machos. Esse tipo de estimativa pode ser feito por meio de técnicas como a de marcação-recaptura.
  • Na primavera, com a chegada das chuvas, é possível ver muitos cordões de ovos flutuando na lagoa. Cada cordão repleto de filhotes tem um pai e uma mãe, sem dúvida.
  • Então, quantos dos machos e das fêmeas da população participaram desse episódio reprodutivo? Qual fêmea botou mais ovos? Há algum macho que se reproduziu com mais de uma fêmea?

Os estudos genéticos tentam responder a essas perguntas.

Decifrando a descendência

A partir de amostras dos adultos de uma população animal e de um grupo representativo de larvas, é possível estimar as relações de parentesco.

Afinal, os genes dos filhos são herdados dos pais, não é mesmo? Se, no laboratório, for constatado que a amostra do DNA de um filhote é o resultado da combinação do DNA de dois adultos da população, é possível presumir que ele seja filho desses adultos.

Isso pode resolver as questões colocadas anteriormente até certo ponto e também fornece uma visão sobre um parâmetro importante:

  • O número de animais que vivem em uma população não é igual ao número que se reproduz dentro dela.
  • número efetivo populacional se refere aos adultos que são reprodutores confirmados através das técnicas descritas anteriormente.
  • Por exemplo, continuando com a população anterior, temos 300 rãs na lagoa. Contudo, estudos genéticos confirmam que apenas 60 se reproduziram naquele ano… O cenário muda, não é mesmo?
Genética e populações animais

Uma utilidade focada na conservação

Esses estudos genéticos são de fundamental importância para a conservação das espécies.

Se em uma população de 300 indivíduos observarmos que apenas 60 são reprodutores, talvez devêssemos nos preocupar. Um número pequeno de reprodutores acaba reduzindo a variabilidade genética de uma população. Essa falta de variabilidade pode causar maior vulnerabilidade às mudanças ambientais, favorecendo, assim, a extinção da espécie nos casos mais extremos.

Por isso, a realização desse tipo de estudos zoológicos basais é imprescindível, uma vez que nos fornecem informações sobre o estado das populações selvagens de animais, “geneticamente falando”.


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