O que é a laminite em cavalos?

Um pequeno desequilíbrio em uma parte do corpo do cavalo pode desencadear um problema sério em outra parte. Aqui vamos falar sobre a laminite e a sua possível relação com o sistema gastrointestinal.
O que é a laminite em cavalos?
Érica Terrón González

Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

A laminite em cavalos é a inflamação das partes moles do casco, com aspecto laminar. Essas “placas” unem a parte córnea do casco com a terceira falange, que é o último osso da pata do cavalo.

Infelizmente, é um problema frequente em todos os equídeos, embora também tenha sido descrito em ovelhas, cabras e porcos. Contudo, no caso esses quadrúpedes esbeltos, é a mais grave e a mais comum na clínica veterinária.

Laminite em cavalos: uma pequena abordagem da anatomia do casco

Em um animal saudável, a terceira falange está unida ao interior da parte córnea do casco por um dispositivo suspensório. A superfície interna do casco se dobra em forma de folhas para aumentar o espaço de aderência desse dispositivo suspensório. Em um cavalo com laminite, essas placas falham e a falange não fica devidamente presa ao casco.

Laminite em cavalos: uma pequena abordagem da anatomia do casco

O peso do cavalo e seus próprios movimentos continuarão a empurrar o osso do pé em direção ao solo normalmente. Contudo, sem a proteção do casco, os vasos sanguíneos se rompem e os tecidos moles se inflamam. Portanto, a dor aguda e a claudicação não demoram muito para aparecer.

Início e evolução da doença

A laminite começa quando a causa desencadeia a separação laminar, que pode durar entre 30 e 40 horas. Durante esse período, antes que os sintomas apareçam nas extremidades, o cavalo geralmente experimenta problemas:

  • Gastrointestinais.
  • Respiratórios.
  • Reprodutivos.
  • Renais.
  • Endócrinos.
  • Imunológicos.

Essas alterações multissistêmicas, anatomicamente distantes do casco, devem-se ao desconforto gerado pela desorganização da anatomia laminar. É o que se chama de fase de desenvolvimento e nem sempre acontece. Há animais que vão direto para a fase aguda, sem que nenhum problema aparente de saúde tenha se manifestado anteriormente.

Fase aguda

Como já dissemos, a fase de desenvolvimento acaba se fundindo com a fase aguda quando aparecem os primeiros sinais de dor nas patas. Dura desde esse momento até que exista uma evidência clínica de deslocamento da falange dentro do casco.

A laminite tende a afetar mais os membros anteriores, presumivelmente porque suportam a maior parte do peso do cavalo, em torno de 65%.

Um cavalo com laminite aguda tende a transferir o peso de uma pata para a outra. Esse comportamento, sem dúvida, é realizado a fim de aliviar a dor. Mesmo assim, em algum momento, o animal é forçado a se apoiar sobre a pata afetada e o desconforto volta.

Fase crônica

Se o cavalo não morrer durante a fase aguda, ele sofrerá deslocamento da falange dentro do casco. Essa é a marca registrada da laminite crônica e pode ser observada em uma radiografia. Os sintomas nessa fase da doença podem durar indefinidamente, incluindo:

  • Claudicação leve, mas persistente.
  • Dor intensa: o cavalo vai querer ficar mais tempo deitado.
  • Degeneração total das fixações laminares.
  • Deformação da parede do casco.
  • Penetração da planta do casco pelo osso deslocado.

Este último sintoma pode levar à osteomielite infecciosa da terceira falange e até mesmo ao desprendimento do casco.

Qual é a gravidade da laminite em cavalos?

A laminite é, sem dúvida, a doença mais grave que pode ocorrer na pata de um cavalo. Na verdade, é considerada a segunda causa de mortalidade em cavalos, depois das cólicas. Se a morte não acontecer devido a causas naturais, costuma-se recorrer à eutanásia, devido ao sofrimento permanente do animal.

Além disso, apesar dos melhores esforços, a resposta a uma terapia varia muito entre os indivíduos, o que torna difícil até mesmo realizar um prognóstico preciso.

Nota final: a laminite em cavalos e a sua relação com o trato gastrointestinal

A maioria dos autores afirma que a laminite é uma sequela de um evento remoto, não relacionado à pata. Isso, à primeira vista, pode parecer estranho. No entanto, muitas vezes, essa doença demonstrou envolver diretamente o trato gastrointestinal. As causas foram descritas como:

  • Consumo excessivo de grãos e carboidratos.
  • Inflamação do intestino delgado.
  • Cólica.
  • Diarreia aguda.

Porém, há uma causa que desperta, em particular, a curiosidade de muitos veterinários. É a alteração do metabolismo da insulina. Dizem que os cavalos com histórico de resistência à insulina tendem a sofrer de laminite.

Para testar essa hipótese, estudos experimentais têm sido realizados com cavalos, monitorando alguns exemplares com hiperinsulinemia prolongada. Todos acabaram desenvolvendo laminite em menos de 72 horas.

Sua relação com o trato gastrointestinal

Portanto, é recomendado que os equídeos sejam submetidos a exames de sangue regulares. Assim, caso seja detectada a hiperinsulinemia, técnicas podem ser utilizadas para reduzir sua concentração no sangue e, sobretudo, restaurar a sensibilidade à insulina. Por exemplo, através de dietas de baixo índice glicêmico para a perda de peso e exercícios moderados.


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  • Pollitt C. Laminitis equina. Barton, ACT: Corporación de Investigación y Desarrollo de Industrias Rurales; 2008
  • Infosura [Internet]. Es.wikipedia.org. 2020 [consultado el 25 de junio de 2020]. Disponible en: https://es.wikipedia.org/wiki/Infosura

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