Meu cachorro não é meu filho, mas eu sou sim a mãe dele

Meu cachorro não é meu filho, mas eu sou sim a mãe dele

Última atualização: 14 novembro, 2017

Cuidar e dar amor são aspectos fundamentais quando se tem um bicho de estimação. No entanto, os especialistas alertam sobre os perigos da humanização excessiva dos pets. A seguir, vamos dar uma olhada nos motivos para dizer ‘o meu cachorro não é meu filho’.

A origem da sensação 

Alguns especialistas afirmam que o conceito de sensibilidade animal surgiu durante o Romantismo. Supõe-se que está relacionada à ampliação dos direitos e a fundamentação de uma ética menos excludente.

Outros afirmam que a humanização dos bichos de estimação é um sinal claro da transformação do conceito de família. Contudo, eles alertam sobre o individualismo dos nossos tempos, em que o bicho de estimação surge como um ponto de união familiar.

Além disso, essa sensação revela a dificuldade humana de se comunicar e de expressar seus sentimentos. No contexto de crise ética, a ruptura do sentimento de confiança faz com que as pessoas vejam os cães como se fosse seres mais puros que os seres humanos.

Mulher fazendo carinho em cão preto e branco

Autor: Wagner Cezar

Para muitos donos apaixonados, isso soa poético. No entanto, não reconhecer o momento de dizer ” o cachorro não é meu filho” pode caracterizar um tipo de abuso contra o animal.

Por que devo entender que o meu cachorro não é o meu filho?

Em primeiro lugar, deve-se perceber que, ao humanizar um cão, deixa-se de respeitar suas características específicas. Cada espécie tem suas próprias necessidades, pois seu organismo não é igual ao dos seres humanos. Além dos maus costumes, isso pode gerar problemas de saúde para o animal.

A alimentação é um bom exemplo. Muitos donos consideram meigo compartilhar sua comida com os animais. Entretanto, na verdade, a ingestão de comidas cozidas, condimentadas e/ou industrializadas provoca transtornos graves no estômago do bichinho.

Roupas, acessórios e complementos

Outro exemplo é a disseminação do uso de roupas e sapatos por bichos de estimação. Isso pode parecer bonito, mas não é o recomendável para o organismo do animal. Quando se calça sapatinhos nas patas do cachorro, bloqueia-se a transpiração e impede-se o contato com o chão. Basicamente, é uma tentativa de alterar a natureza do animal. Entretanto, há momentos em que os sapatinhos são recomendados como proteção em relação ao asfalto quente, por exemplo, ou ao chão gelado.

A humanização excessiva também costuma provocar problemas de comportamento e/ou temperamento. A timidez, a agressividade, os latidos excessivos, a hiperatividade e os comportamentos “chantagistas”. Todos são exemplos claros de comportamentos indesejados que derivam da criação humanizada.

Além disso, a falta de limites entre o humano e o animal pode causar um dano ao equilíbrio psicológico do ser humano.

Meu cachorro não é meu filho. Educação e disciplina

A educação correta e disciplinadora treina o cachorro a conviver melhor com as pessoas e outros animais. Por um lado, o processo de socialização diminui a probabilidade de ele apresentar um comportamento agressivo, sobretudo, em caso de disputa territorial.

Por outro, a humanização e a criação irresponsável costumam alimentar o sentimento de possessividade do bicho de estimação. Isso acarreta acidentes domésticos com pessoas e/ou animais convidados. O cão não socializado tende a se isolar e a isolar o seu dono para, assim, ser capaz de exercer controle sobre o seu território.

Além disso, a privação de convivência com outros de sua espécie não é positiva tanto para seu cachorro  quanto para o  seu dono. Embora seja possível estabelecer uma interação entre seres humanos e animais, essa interação não pode substituir o diálogo e a aprendizagem racional.

Afinal, como consigo ter uma relação saudável com meu cachorro?

O primeiro ponto é entender e repetir a si mesmo a frase: “meu cachorro não é meu filho”. Isso não significa amá-lo menos ou privá-lo de receber carinho, mas sim impor limites que dividam seu espaço do espaço dele.

O cão deve se integrar como parte da “matilha” que é sua família. No entanto, ele jamais pode ser o líder. Caso contrário, ele vai fazer tudo o que for possível para impor a vontade dele, incluindo destruir objetos de casa e/ou apresentar um comportamento violento.

cão com dona grávida

Uma educação desde cedo

Por isso, é fundamental aprender a dizer não. Mesmo que, ao ver você fazer isso, seu cão faça a expressão facial mais meiga que você já viu. Negar é necessário para educar. O ideal é dar início ao processo de educação e socialização entre as 4 e 20 semanas de vida. Os filhotes têm o caráter mais maleável e fácil de moldar.

É importante ensinar-lhe as ordens básicas, como sentar, ficar parado, esperar e responder ao seu nome e deitar. Além disso, você pode propor diversas dicas e adestrá-lo profissionalmente.

Deve-se acrescentar que não é recomendável ensinar o cachorro a subir na cama ou a pedir comida na mesa. O animal deve aprender a respeitar os espaços reservados aos humanos. Manter a privacidade é fundamental em todo tipo de relação, até mesmo, na relação com os bichos de estimação.

O reforço positivo é fundamental, porque reafirma os bons comportamentos. A violência, por outro lado, inibe a aprendizagem em todas as espécies. Meu cachorro não é meu filho, mas está sob minha responsabilidade.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.