Os orangotangos reinventam o anzol

Os orangotangos são uma espécie que nunca deixa de nos surpreender: um estudo recente mostrou que eles são capazes de usar ferramentas de maneira mais precisa do que pensávamos.
Os orangotangos reinventam o anzol

Última atualização: 15 dezembro, 2022

Todos nós sabemos que os primatas estão entre os animais mais inteligentes da Terra, mas se você descobrir os resultados de experimentos como este, perceberá como eles podem ser surpreendentes.

Os orangotangos conseguiram nos deixar de boca aberta com a habilidade de fabricar um anzol.

Os cientistas descobriram uma prática nunca vista em nenhuma espécie, exceto na nossa. Os orangotangos provaram estar um passo à frente de outros primatas, com uma experiência bem-sucedida na qual eles usaram toda a sua imaginação e habilidade.

Resultado do experimento com orangotangos

No estudo realizado pelas universidades de Viena e St. Andrews, foi possível observar como os macacos são capazes de usar diferentes arames para ter acesso a lugares onde seus dedos não chegam.

No primeiro teste, foi visto como o orangotango conseguiu fazer um anzol com um arame reto. O objetivo era conseguir alcançar uma recompensa colocada em uma cesta dentro de um tubo, para o qual ele conseguiu fazer um anzol com os dentes, mantendo o resto do arame reto.

No segundo teste foi utilizado um arame curvo com o qual, nas primeiras tentativas, eles não conseguiam alcançar a recompensa colocada em um tubo horizontal.

Para alcançar seu objetivo, vários orangotangos conseguiram, em poucos minutos, desdobrar o arame o suficiente para alcançar o alvo sem problemas e empurrá-lo para fora do tubo, uma ação nunca antes vista.

Orangotango comendo

Resultados surpreendentes

Para avaliar o alcance dessas descobertas e comparar a inteligência desses primatas com a dos humanos, crianças de diferentes idades foram submetidas a testes semelhantes, com resultados surpreendentes.

A partir dos cinco anos de idade, um ser humano é capaz de projetar e utilizar ferramentas bastante complexas para alcançar objetivos.

No entanto, quando eles foram apresentados ao problema de resgatar uma cesta do fundo de um tubo com a única ajuda de um arame reto, a coisa ficou bastante complicada.

Entre três e cinco anos de idade, a maioria das crianças não teve sucesso, e poucas tiveram a ideia de dobrar o arame para fazer um anzol.

Até mesmo uma alta porcentagem de crianças de sete anos de idade não atingiu seu objetivo, o que nos dá uma ideia do nível de inteligência dos orangotangos para resolver problemas.

Até chegarem nas crianças com idade de oito anos, a taxa de sucesso da maioria não foi vista. O que chamou a atenção foi que as crianças, independentemente de sua idade, obtiveram sucesso muito maior quando foram mostradas previamente as possibilidades de um arame, embora as menores não o tenham realizado, apesar de terem conseguido compreender as funções do anzol.

Isabelle Laumer, responsável pelo experimento no Zoo Leipzig, da Alemanha, disse que esse estudo mostrou que os orangotangos têm uma habilidade com o uso e fabricação de ferramentas muito maior do que se pensava anteriormente. E que são capazes de superar os seres humanos de até oito anos de idade na criação desses aparatos.

Mãe orangotango com filhote

Futuro das espécies

Esta magnífica espécie está em grave perigo de extinção. Do orangotango de Bornéu restam apenas 104.700 exemplares, enquanto que a população do orangotango de Sumatra não chega a 14.600 indivíduos.

As florestas de folhas tropicais onde eles vivem estão sendo reduzidas dia após dia pela extração de madeira, minerais ou para transformá-las em campos de cultivo. Atualmente, apenas 50% dos orangotangos vivem em estado natural.

Por outro lado, o mercado de criadores ilegais de orangotangos também está afetando sua população e, depois de terem a mãe morta, eles são levados numa jornada da qual muito poucos sobrevivem, para serem vendidos como animais de estimação em diferentes partes do mundo.

Até que medidas muito mais rigorosas sejam adotadas, sua população não deixará de diminuir e, como já aconteceu com muitas outras espécies, perderemos de vez um bem totalmente insubstituível.


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