Principais comportamentos de um cachorro após a castração

A castração não vai resolver possíveis problemas comportamentais do seu animal de estimação, embora a frequência de certos comportamentos possam diminuir.
Principais comportamentos de um cachorro após a castração
Ana Díaz Maqueda

Escrito e verificado por a bióloga Ana Díaz Maqueda.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

Mesmo que ligeiramente, o comportamento de um cachorro muda após a castração, em maior ou menor grau. Tanto machos quanto fêmeas podem apresentar mudanças de comportamento ocasionais ou de longa duração.

A castração consiste na remoção das gônadas dos animais: apenas os testículos nos machos e os ovários e o útero nas fêmeas.

As gônadas, além de cumprirem a função de gerar células sexuais, também liberam hormônios. Esses hormônios têm diferentes funções no corpo, e uma delas é o desenvolvimento do comportamento sexual, como, por exemplo, a busca por um parceiro ou os cuidados parentais.

A dor em um cachorro após a castração

A primeira mudança que observamos em um cachorro após a castração é o comportamento associado à dor. Dependendo do protocolo anestésico usado pelo veterinário, quando o cachorro acordar da anestesia, ele sentirá mais ou menos dor. 

Isso é muito importante, pois, além de constituir um trauma físico, o cachorro também pode desenvolver certos medos. Por exemplo, não se deixar ser tocado, tentar nos morder, etc. Esses comportamentos geralmente desaparecem.

Por outro lado, os veterinários costumam recomendar o uso do colar elizabetano para impedir que o cão tenha acesso à ferida cirúrgica. Esse é um estímulo aversivo adicional, que pode se tornar um grande desafio para o animal se ele não tiver um bom controle das suas emoções.

comportamentos de um cachorro após a castração

Os hormônios sexuais nos cães

Para entender os efeitos que a supressão da liberação de hormônios sexuais devido à castração tem no comportamento dos cães, precisamos primeiramente conhecer o eixo hipotálamo-hipófise-gônada.

O hipotálamo sintetiza e libera o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). Esse hormônio age na hipófise e faz com que ela libere gonadotrofinas, hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH).

A ação desses dois últimos é realizada, principalmente, nas gônadas – testículos ou ovários –, causando, assim, a liberação de testosterona nos machos e de progesterona e estrogênio nas fêmeas. Além disso, o LH e o FSH têm a função de estimular a produção de espermatozoides e ovócitos.

A testosterona tem vários efeitos no corpo, especialmente durante o desenvolvimento embriológico e a puberdade:

  • Está envolvida na resposta sexual feminina.
  • Pode estar relacionada às brincadeiras dos filhotes, que são mais agressivas nos machos.
  • Na puberdade, potencializa o desenvolvimento de músculos, ossos, rins e laringe.
  • Durante o crescimento do embrião, masculiniza as estruturas cerebrais e os núcleos neuronais que mais tarde darão origem ao comportamento masculino. A ausência de testosterona nas fêmeas durante o período perinatal desenvolve o seu sistema nervoso central feminino.
  • Estimula o comportamento de demarcação, agressividade e defesa do território.
comportamentos de um cachorro após a castração

Por outro lado, os hormônios femininos agem da seguinte maneira:

Variações nos comportamentos de um cachorro após a castração

Quando as gônadas são removidas, a concentração dos hormônios sexuais diminui, mas não abruptamente. O comportamento de monta é reduzido apenas em 50% dos machos, 15 dias após a castração. O comportamento mais reduzido, em cerca de 80%, é a busca por fêmeas. 

Nas fêmeas, o comportamento relacionado à proteção ou ao ciúme pode diminuir. Além disso, em alguns casos, pode ocorrer uma gravidez psicológica após a esterilização.

É importante saber que os problemas comportamentais, tais como agressividade em relação a outros animais ou pessoas, a má gestão do medo ou a ansiedade de separação não desaparecem. Isso ocorre porque os hormônios envolvidos nesses casos não são os hormônios sexuais, e sim o cortisol, a dopamina ou a serotonina.

Não há praticamente nenhum problema comportamental que possa ser resolvido pela castração, mas sim com muito trabalho, dedicação e carinho pelo animal. No entanto, a castração serve para prevenir ou evitar certas doenças, tanto em machos quanto em fêmeas, como os tumores, por exemplo.


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