Társio: um rosto peculiar que luta para sobreviver

O társio é considerado um animal demoníaco em certas regiões da Indonésia. Esse primata é capaz de virar a cabeça nada menos do que 180 graus.
Társio: um rosto peculiar que luta para sobreviver
Francisco María García

Escrito e verificado por o advogado Francisco María García.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O társio é uma espécie de primata tarsiforme endêmica da Indonésia. É um animal muito pouco conhecido que atualmente é classificado como vulnerável. Neste artigo, você vai aprender mais sobre o társio, seu habitat, sua alimentação e sua reprodução.

Características e taxonomia do társio

Os macacos társios formam uma família peculiar de primatas pertencentes ao gênero Tarsius. Quando foram originalmente descobertos, foram catalogados como lêmures. Entretanto, atualmente, sabe-se que eles não estão relacionados com esses animais, e sim com os macacos.

A espécie mais conhecida de társio é a Tarsius tarsier. Os poucos fósseis descobertos dessa espécie datam do Eoceno, um período geológico que ocorreu há mais de 55 milhões de anos.

Pesquisas indicam que esses animais são muito antigos e podem ser uma das espécies mais primitivas dentre os tarsiformes. Atualmente, os macacos társios são a única família sobrevivente desse subgrupo, já que as outras famílias tarsiformes já estão extintas.

Aspectos morfológicos do társio

Os macacos társios são animais pequenos. Seu corpo geralmente mede de 9 a 14 centímetros na idade adulta, mas a cauda pode atingir até 26 centímetros de comprimento. Destaca-se também a leveza desse animal, com um peso corporal médio de 100 a 115 gramas para as mulheres e 118 a 130 gramas para os homens.

Como representantes dos haplorrinos, uma das características morfológicas mais típicas é a ausência de membranas protetoras nos narizes. Esses animais também não possuem pelos rígidos — os populares bigodes — na região do focinho, como a maioria dos grandes lêmures.

Társio: alimentação.

Outra característica marcante dos macacos társios são seus olhos realmente grandes. De fato, para muitos especialistas, os társios têm os maiores olhos em relação ao tamanho do corpo entre todos os mamíferos.

Embora seu tronco seja pequeno, eles têm pés bastante longos, que os ajudam a ficar entre as árvores. Comparativamente, são maiores que muitos representantes de lêmures, possuem um cérebro maior diametralmente e têm melhor visão – conseguindo distinguir várias cores.

Também vale a pena mencionar que os macacos társios são capazes de virar a cabeça em 180 graus. Visualmente, é uma característica que desperta muita curiosidade.

Hábitos e alimentação dos macacos társios

Os társios são animais de hábitos noturnos que vivem em árvores. A estrutura morfológica desse animal lhe dá a incrível capacidade de deslizar, pular e segurar as árvores. Eles geralmente se movem e vivem nos galhos médios, a cerca de dois metros de altura em relação ao solo.

É uma espécie de caráter muito reservado, por isso dificilmente é avistada em seu habitat natural. De fato, os povos indígenas da Indonésia costumavam considerá-los seres demoníacos ou fantasmagóricos devido aos seus hábitos. Isso explica por que o társio comum (Tarsius tarsier) também é conhecido como társio fantasma.

Sua dieta é estritamente carnívora e baseia-se principalmente no consumo de insetos ou larvas. No entanto, os macacos társios também podem caçar invertebrados, répteis, roedores e até pequenos pássaros.

O társio é uma espécie em extinção.

Habitat e reprodução do társio

Como mencionamos na introdução, o társio é uma espécie autóctone e endêmica da Indonésia. Mais especificamente, sua maior população ocorre na Ilha Celebes, mas também abrange as ilhas Togian, Muna, Kabaena, Buton e Selayar.

Em seu habitat, os társios podem formar pequenos grupos de três a seis indivíduos. Entretanto, as fêmeas geralmente aceitam a convivência diurna e noturna com os machos durante as épocas de acasalamento. Por sua vez, os machos são muito agressivos uns com os outros, pois brigam pela conquista das fêmeas.

Atualmente, são conhecidas espécies de macacos társios monogâmicos e poligâmicos. A fêmea dos társios possui uma importante capacidade reprodutiva em relação às demais espécies de haplorrinos, que consiste na presença de um útero bicorno.

A gestação dos macacos társios fêmeas dura cerca de 200 dias. As fêmeas só dão à luz a um filho em cada gestação. Elas cuidam da cria até que o filhote seja capaz de sobreviver por conta própria.

A expectativa de vida do társio é estimada entre 10 e 12 anos em seu habitat natural. Entretanto, eles podem viver até 17 anos em cativeiro, embora essa não seja a situação ideal para esses animais.


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