Vison-europeu: um mamífero gravemente ameaçado

O vison-europeu está seriamente ameaçado pela presença de uma espécie invasora, o vison-americano.
Vison-europeu: um mamífero gravemente ameaçado

Última atualização: 15 novembro, 2020

O vison-europeu (Mustela lutreola)  é uma espécie gravemente ameaçada de extinção e um dos pequenos mamíferos mais ameaçados da Europa.

A perda de habitat, a caça descontrolada e, principalmente, a invasão de um competidor dominante, o vison-americano, são os principais fatores que contribuem para o seu desaparecimento.

Como distinguir o vison-europeu?

Uma das dificuldades para a conservação do vison-europeu é a competição com o vison-americano, espécie introduzida por causa do interesse que havia por suas peles há quase um século na Europa.

São animais muito parecidos, ambos da mesma família e com aparência e comportamento semelhantes. No entanto, alguns traços nos ajudam a diferenciá-los. O vison-europeu tem os seguintes atributos diferenciais:

  • Menor tamanho.
  • Pelagem mais clara. A pelagem do vison-europeu é marrom chocolate, um pouco mais clara do que a do seu parente americano.
  • Manchas brancas no queixo e em ambos os lados do focinho.

Além dessas diferenças morfológicas, podemos encontrar outras no comportamento. O vison-americano é mais agressivo e é uma espécie menos exigente em relação ao habitat, pois se adapta facilmente a qualquer tipo de ambiente aquático e tem uma maior capacidade reprodutiva.

Fonte: Governo da Espanha

Causas do desaparecimento do vison-europeu

Existem três fatores principais para o desaparecimento dessa espécie, e as ações em cada um desses pontos constituem as estratégias mais eficazes para a sua conservação.

1. Competição com o vison-americano

O vison-americano é outro pequeno mustelídeo oriundo da América do Norte. Essa espécie começou a ser criada em cativeiro no Canadá e nos Estados Unidos no final do século XIX para o comércio de sua pele.

Seu sucesso foi tanto que em 1920 o negócio foi transferido para a Europa, onde fazendas de peles foram construídas e rapidamente expandidas.

O resultado foi, anos depois, a existência de diferentes populações de vison no ambiente natural, fruto de fugas, continuadas por medidas de segurança insuficientes, fugas em massa devido a acidentes e o abandono da atividade de peles, e solturas massivas provocadas por campanhas a favor dos direitos animais.

As consequências da introdução do vison-americano foram muito negativas para o meio ambiente e as espécies nativas.

Sua grande adaptabilidade e capacidade reprodutiva o tornam um competidor muito forte de outros mustelídeos, principalmente do vison-europeu, que precisa lutar pelo mesmo território e recursos.

2. Fragmentação da população

O vison-europeu já desapareceu de 90% da sua área de distribuição original na Europa, e as populações que ainda existem estão isoladas umas das outras.

A população ocidental (franco-espanhola) está isolada do leste (delta do Danúbio e Rússia) e, por sua vez, na parte ocidental, as populações espanhola e francesa também estão isoladas.

O isolamento reprodutivo envolve uma grande perda de biodiversidade que torna o vison-europeu uma espécie ainda mais frágil. Um dos objetivos da reprodução em cativeiro é justamente a troca de espécimes para aumentar a variabilidade genética.

3. Destruição do habitat

O vison-europeu é um animal especialista que prospera em condições ambientais específicas. Ele costuma preferir áreas com uma margem larga de rio, densa cobertura vegetal e água de boa qualidade, com correnteza lenta ou moderada. Os ecossistemas fluviais são um dos mais afetados pela ação humana.

A alteração de leitos e margens dos rios, a destruição da vegetação ribeirinha, a exploração dos aquíferos, a destruição das águas e a construção de barreiras arquitetônicas que modificam o regime natural dos rios são as causas mais comuns de perdas desses ecossistemas.

Estratégias de conservação para o vison-europeu

As estratégias de conservação são projetadas para combater os pontos acima. Atualmente, existem diferentes programas de conservação em toda a Europa para salvar essa espécie da extinção. Confira abaixo quais são elas.

1. Censo populacional

Conhecer a situação da área do vison-europeu em liberdade é essencial para realizar uma avaliação da espécie. A captura, a recaptura e o rastreamento são essenciais para obter dados reais.

Também é importante conhecer a densidade das populações americanas para ver se as estratégias de gestão das espécies invasoras funcionam.

2. A criação em cativeiro e reintrodução

O vison-europeu está atualmente no âmbito do programa de conservação ex situ EPP (European Endangered Species Program), que serve como fonte de projetos de reintrodução em países como Estônia, Alemanha, França e Espanha.

Um dos principais problemas que dificultam a reprodução do vison-europeu em cativeiro é a postura do macho. Quando emparelhado com a fêmea na época de acasalamento, ele fica desinteressado, foge da fêmea ou, como já aconteceu em alguns casos, pode se comportar de forma agressiva.

Ainda não há muitos estudos que verifiquem quais fatores diferenciam os machos em cativeiro dos selvagens, mas experiências em outros centros com animais da mesma família como a marta (Martes martes) sugerem que o aprendizado do animal, sua idade ou a competição com outros machos pode influenciar no sucesso das reproduções.

3. Prevenção da expansão do vison-americano e conservação do habitat

Para frear sua expansão, é preciso controlar a população de visons-americanos e evitar a criação de novas fazendas de peles, que representam um grande risco para seu parente europeu.

A criação em cativeiro e reintrodução

A implementação de medidas de proteção e restauração dos ecossistemas fluviais também é muito urgente, reforçando a conectividade entre as áreas onde a espécie habita para melhorar o intercâmbio genético. Além disso, a conservação dos rios é benéfica para outras espécies ameaçadas de extinção.


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