Macaco de estimação: é possível ter um?

Macaco de estimação: é possível ter um?
Eugenio Fernández Suárez

Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

Os macacos e primatas em geral são animais que chamam nossa atenção por sua semelhança conosco. Porém, isso não significa que seja uma boa ideia ter um macaco como mascote.

Como acontece com todo animal exótico, suas demandas e os custos de criação são muito grandes. Mas isso vai além, há uma série de razões pelas quais não é indicado ter um macaco como mascote. Nós as apresentaremos a seguir.

Em muitos países é proibido ter um macaco como mascote

Em países como a Espanha, é proibida a posse de um macaco como mascote ou animal particular. A criação de primatas deve ocorrer unicamente em zoológicos ou em projetos de conservação e investigação.

Macaco numa folha de palmeira

Porém, essa proibição não impede a venda ilegal desses animais. A compra de animais exóticos pode resultar em prisão e multa, pois sustenta o tráfico ilegal de espécies protegidas.

Em muitos casos, eles são vendidos com a utilização de autorizações, que podem ser facilmente falsificadas. Em alguns países, a regulamentação não é tão forte, sendo possível encontrar vídeos na internet de pessoas criando um macaco como pet em casa. No entanto, existem muitas razões pelas quais não devemos ter um macaco como mascote, mesmo que seja autorizado em nosso país.

Macacos transmitem doenças muito perigosas

Por serem descendentes de primatas, macacos e seres humanos compartilham doenças similares. Isso faz com que ter um macaco como mascote seja um grande risco para nossa saúde.

Existem doenças que não são perigosas para macacos, mas para seres humanos podem ser mortais. Um exemplo é o vírus herpes B, presente nas populações de macacos, que nos causa uma doença neurológica fatal.

Quando esses animais são comprados de forma ilegal, provavelmente não passam por veterinários e, consequentemente, não são vacinados. Por isso, não é incomum que tenham doenças como a AIDS, podendo nos infectar por meio de mordidas.

Um exemplo é o vírus herpes B, presente em populações de macacos, que nos causa uma doença neurológica fatal.

É um trauma psicológico para os animais

Ao contrário de animais de estimação comuns, para ter um macaco como mascote é preciso tirar dele sua identidade. Todos os primatas precisam de extensos períodos de aprendizagem com suas mães. Esses períodos podem chegar a 10 anos.

Isso significa que afastá-los de suas mães ainda com meses de idade faz com que não saibam como se comportar e acabem humanizados. Como a maioria desses macacos acaba abandonada, torna-se impossível reabilitá-los psicologicamente em santuários de primatas.

As relações entre mães e filhotes para os primatas é tão importante que muitas mães morrem para evitar que levem seus filhotes. Esses filhotes acabam banhados no sangue de suas mães ao serem raptados por caçadores ilegais.

No caso de macacos criados em cativeiro para serem vendidos, o afastamento de suas mães faz com que elas parem de comer e acabem morrendo de desnutrição e tristeza.

Para levar os macacos às cidades para que sejam vendidos, os vendedores os escondem em maletas e latas de plástico. Essa prática faz com que muitos animais morram asfixiados. Estima-se que, para cada macaco que sobrevive e é vendido, nove macacos morrem no transporte. Esse é um dos casos mais terríveis de maus-tratos contra os animais.

No caso de macacos criados em cativeiro para serem vendidos, o afastamento de suas mães faz com que elas parem de comer e acabem morrendo de desnutrição e tristeza. 

Eles são sempre abandonados

É impossível ter um macaco como mascote durante muito tempo em uma casa. Eles compartilham com os seres humanos expressões faciais que podem ter significados totalmente distintos. Isso faz com que incompreensões ocorram e acabem em mordidas e outros danos físicos.

Macaco na natureza

Além disso, a maioria dos macacos vive muito tempo: de 20 a 60 anos. Dessa forma, quando chegam à idade adulta e se tornam mais perigosos, acabam sendo abandonados. Em alguns casos, são presos e escondidos ou sacrificados. Essa prática tem como objetivo evitar as multas e penas pela posse ilegal do animal.

Por sua vez, aqueles que têm mais sorte acabam em santuários de primatas. Nesses lugares, eles tentam aprender a como voltar a se comportar como macacos. Esse processo dura muito tempo, podendo levar mais de uma década para que consigam superar suas fobias. Em muitos casos, essa reabilitação é impossível e os macacos precisam viver sozinhos pelo resto de suas vidas.


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  • Centro de Rescate de Primates Rainfer. (2014). Rainfer, ofreciendoles una segunda oportunidad a los primates. Recuperado el 15 de febrero de 2022, disponible en: http://rainfer.org/

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